Com a retomada das obras dos metrôs em todo o Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, com os calendários acelerados para os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, surge a discussão sobre inovações na área. Para trazer essa questão à tona, no dia 29 de setembro, foi promovida pelo Clube de Engenharia a palestra “Tuneladora de alto desempenho, corte por jato d'água”, que apresentou o trabalho de desenvolvimento de uma nova tuneladora, nacional, cuja principal inovação é a perfuração a jato d'água.

A palestra foi ministrada pelo engenheiro civil Marcos Aurélio Marques Noronha, professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O especialista é pós-doutorado em Engenharia Civil pela Technical University of Graz (Áustria) e pós-doutorado pela University of California (Davis).

Noronha é especialista em Engenharia de Túneis, atuando principalmente nos seguintes temas: máquinas tuneladoras, obras subterrâneas e infraestrutura subterrânea de transportes. Trabalhou por onze anos como professor da Escola Politécnica da USP. É sócio das empresas GeoNumerics e Brabo, com atuação em muitos projetos de construção de usinas eólicas, túneis e hidrelétricas no Brasil e no exterior.

A mesa foi composta por Ricardo Khichfy, chefe da Divisão Técnica de Construção (DCO), que fez as apresentações; Ana Cecília Soares, chefe da Divisão Técnica de Geotécnica (DTG); Uiara Martins, chefe da Divisão Técnica de Transporte e Logística (DTRL), e o engenheiro civil Antônio Vilardo, que promoveu a vinda de Noronha. No início de sua palestra o professor deu ênfase à importância de reacender a engenharia no Brasil.

As tuneladoras de alto desempenho chegam com a promessa de custo inferior, cerca de duas vezes menor que a tecnologia atual. O ganho é significativo no reaproveitamento do material, principalmente nos túneis em rocha, já que são extraídos em blocos grandes, podendo ser utilizados, por exemplo, em contenção de taludes, piers e não apenas para britagem.

Os principais elementos de sucesso dessas máquinas são os famosos discos de corte, que fazem o desmonte da rocha. "São discos caros, feitos de um metal muito duro (carbeto de tungstênio). Ao ser pressionado contra a rocha, é gerado um bulbo de pressão e tração. Com a baixa resistência das rochas à tração, fissuras vão sendo abertas ao redor, entre um disco e outro, que vão se ligando e desmancham a lasca", esclareceu o especialista.

O engenheiro falou da previsão de demanda nas áreas de energia, óleo e gás, onde há uma necessidade muito grande de túneis, microtúneis (diâmetro de até 3 metros) e poços, ressaltando que a infraestrutura é o principal gargalo no desenvolvimento do país, sendo a pouca mecanização o maior problema.

"Isto ocorre por conta do alto custo das máquinas, da importação das mesmas e da mão de obra, o que envolve ainda o problema da falta de transferência de tecnologia. A maior tuneladora do Brasil está hoje no Rio de Janeiro e tem 11,5m de diâmetro. Há mais três em São Paulo (7m de diâmetro) e 4 em Fortaleza (9m de diâmetro)", destacou.

Noronha sugere que a demanda ainda é muito maior, com previsão de investimento de centenas de bilhões. Entre outros, citou a expansão do metrô do Rio de Janeiro; o trem de alta velocidade entre Rio - São Paulo, um trecho de mais de 500 km, e destes, 100 km serão em túneis; e a obra do primeiro túnel submerso no Brasil, na travessia Santos-Guarujá, o segundo na América Latina.

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