Relatório aponta irregularidades em obras do Engenhão

Segundo auditores do Tribunal de Contas, duas obras deixam problemas crônicos

POR CAROLINA OLIVEIRA CASTRO E RUBEN BERTA
04/07/2015, O Globo

Matéria encaminhada pelo Engro. Nelson Lima

Um extenso e detalhado relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou diversas pendências nas obras que estão sendo feitas no Estádio Olímpico João Havelange. Segundo os auditores do TCM, duas obras deixam problemas crônicos, sem solução. Na reforma da cobertura, que está custando R$ 150 milhões, os auditores não detectaram intervenções nos arcos metálicos, o que poderia pôr em risco a estrutura. Já na obra de modernização, que está custando R$ 52 milhões, há outros problemas que não serão resolvidos, como infiltração na pista de aquecimento do atletismo. O TCM até hoje não recebeu o habite-se do Engenhão.

A inspeção do TCM nas instalações construídas para o Pan-2007 detectou ainda a possibilidade de atraso na preparação da Arena da Barra para os Jogos Olímpicos, e pediu a avaliação estrutural de uma trinca externa no Parque Aquático Maria Lenk. No texto do voto, que acompanha o relatório, o conselheiro Antonio Carlos de Moraes faz críticas ao andamento das obras: “O Controle Externo está no 5º Monitoramento e ainda restam pendências se arrastando, ao passo que o início dos Jogos Olímpicos RIO 2016 está cada vez mais próximo.”

Os prazos das novas obras nas instalações que foram construídos para o Pan de 2007 são as maiores preocupações dos técnicos do TCM. Alguns erros já apareciam em relatórios anteriores. Na cobertura do Engenhão, por exemplo, a segurança continua preocupando os técnicos, como mostra o relatório: “Consórcio Engenhão informou que os procedimentos de reforço contemplam tão somente a estrutura metálica, não incluindo os seus apoios. Não foram mencionados intervenções no apoio dos arcos metálicos. A sobrecarga devido ao próprio reforço, assim como as pretensões dos novos tirantes e possíveis deslocamentos excessivos.” O Tribunal questiona também a ausência de projetos executivos da obra e aponta uma divergência na forma de pagamento.

Pontos de infiltração

Inicialmente, a reforma estrutural da cobertura teria outro projeto. O que hoje está sendo executado, e pago pelo Consórcio Engenhão (Odebrecht e AOS), está atrasado e chega a R$ 150 milhões. A prefeitura diz que o Consócio paga a obra e, por isso, tem o direito de cobrar o ressarcimento do Consórcio Racional/Recoma/Delta, pela obra, pois o relatório que apontava o problema da cobertura afirmava que era um erro de projeto, não de execução. Mas, no relatório, consta que a prefeitura vai cobrar este valor na Justiça depois de reembolsar o Consórcio Engenhão.

Outro problema que preocupa no Engenhão é uma infiltração que faz com que “chova”, e muito, em cima das pistas de aquecimento, que ficam no anel interno do estádio, e serão usadas nas Olimpíadas do Rio. Segundo o relatório, esse problema não está listado para ser resolvido. A Construtora Augusto Veloso executa a obras de modernização. Nesta semana, a empresa contratou a italiana Mondo para fazer o piso das pistas de atletismo, que são trocadas para os Jogos.

Além disso, só no Engenhão foi identificado outro “ponto de infiltração na laje do Edifício Garagem causado por falha de impermeabilização”, entre outros problemas.

A prefeitura tem 30 dias para se manifestar sobre as irregularidades. Feito em novembro passado, este é o relatório mais recente do TCM. O estudo foi divulgado esta semana pelo Diário da Câmara do Rio.

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