Primeiro cabo submarino do Atlântico Sul liga Brasil a Angola


Depois de percorrer 6,3 mil quilômetros no fundo do mar partindo de Sangano, na costa de Angola, o South Atlantic Cables System (SACS) chegou à Praia do Futuro, em Fortaleza/CE, no dia 21 de fevereiro. O cabo submarino Brasil-Angola é mais uma rota de alta capacidade (40 terabytes de dados por segundo), a primeira a cruzar o Atlântico Sul, e vai permitir o escoamento de tráfego para praticamente todos os países da costa oeste da África, para a Ásia, e outro caminho para a Europa, juntamente com o cabo da Telebras para Portugal. Construído pela japonesa NEC e instalado pela francesa Orange Marine, o SACS é operado pela angolana Angola Cables. Ao todo, a empresa investiu em projetos no Brasil cerca de 300 milhões de dólares.

Está no objetivo principal do novo cabo a diminuição dos trajetos demandados para centros geradores de conteúdo, e o incentivo para comunicação entre países da América e da África, evitando assim o característico e indesejável "efeito trombone" de tráfegos que saem do Hemisfério Sul, vão ao Norte e voltam, por inexistência de conexões diretas. Com isso há redução de custos e ocupação desnecessária de circuitos internacionais.

"A partir de agora, Brasil e Angola estarão a oferecer ao mundo uma rota alternativa de acesso aos Estados Unidos, um dos maiores produtores de todo o tipo de conteúdos globais, mas também à Ásia, uma das maiores regiões demográficas do planeta”, disse em nota o CEO da Angola Cables, António Nunes.

A chegada a Fortaleza levou dois meses e envolveu o trabalho de engenheiros, profissionais de TI e mergulhadores profissionais. Agora falta realizar o aterramento, instalação na landind station e testes de segurança. Só então o cabo será conectado ao datacenter da Angola Cables e começará a funcionar, o que, segundo a empresa, deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano.

Desenvolvimento regional
Estima-se que 99% das comunicações transoceânicas, incluindo dados de Internet, ligações telefônicas e mensagens de texto sejam realizadas por cabos submarinos, estruturas robustas, em sua grande maioria privadas, que remontam aos cabos telegráficos do século XIX. Concentrada principalmente no fluxo América do Norte, Europa e Ásia, essa rede de cabos reflete a distribuição geopolítica do mundo atual; por isso alternativas como o SACS representam oportunidade para o desenvolvimento regional dos países periféricos. Além disso, potencialmente podem significar maior segurança das informações transmitidas.

"Vale ressaltar que Fortaleza, com sua posição geográfica privilegiada, com concentração de vários cabos submarinos aportando em suas praias, vem se constituindo em importante hub de comunicações e de datacenters, o que vai gerar um polo de telecomunicações e de tecnologia da informação na região, atraindo mão de obra e investimentos", afirma Marcio Patusco, conselheiro e diretor técnico do Clube de Engenharia. O governo do Ceará e a Angola Cables já assinaram documentos para viabilizar cooperação futura, como a interligação entre o datacenter e o Complexo Industrial de Pecém, de forma a impulsionar a indústria nacional de telecomunicações.

Com informações de Teletime, Telesíntese, Tecnologia & Defesa e Valor Econômico.

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