O lixo urbano é um grande obstáculo para a sustentabilidade das grandes e pequenas cidades, e numa metrópole como o Rio de Janeiro pode causar grandes problemas como enchentes, poluição ambiental e doenças. Este foi o assunto da palestra "Lixo urbano: ações sustentáveis para sua gestão", em 18 de outubro no Clube de Engenharia. O palestrante, Adacto Ottoni, é professor associado e coordenador do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) em Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Para o engenheiro, muitos dos problemas sociais e ambientais das cidades - e até das zonas rurais - poderiam ser solucionados com a correta gestão do lixo. Segundo ele, diariamente a Cidade do Rio de Janeiro gera em torno de 10 mil toneladas de lixo. Todo mês, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), atuante no município do Rio, paga em torno de 18 milhões de reais para descartar todo tipo de lixo, inclusive reciclável, em aterro sanitário, e recicla-se menos de 5% do total, material que poderia em muito maior proporção estar sendo reaproveitado. Inclui-se aí o lixo úmido, com potencial de composto orgânico. Os aterros sanitários têm vida útil em torno de 20 anos apenas, deixando uma grande preocupação com o futuro dos resíduos sólidos urbanos. O resíduo urbano líquido (esgotos sanitários) também poderia ter melhor gestão, segundo Adacto Ottoni. Se o Rio de Janeiro não tivesse deficiências graves no saneamento de esgoto da região metropolitana, a Baía de Guanabara e demais corpos hídricos da cidade estariam em melhor situação, assim como a saúde das pessoas, menos expostas a doenças. O esgoto tratado ainda é um material orgânico com muitos nutrientes, podendo ser reaproveitado para regar jardins públicos e outros fins; o lodo desses esgotos poderia ser encaminhado para biodigestores, gerando biogás e composto orgânico, o qual seria utilizado para reflorestamento das bacias hidrográficas. Assim, o esgoto não seria lançado bruto nos rios, como acontece em grande parte hoje, gerando poluição e assoreamento, além do consequente agravamento das inundações urbanas nas épocas de chuvas intensas na cidade - o que acontece em todo o Estado também.

O professor ainda comentou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), que não é integralmente aplicada. Ele destacou alguns artigos como o Art. 9, que coloca a seguinte ordem de prioridade para a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Atualmente, prioriza-se o descarte, e o mais importante que é a não geração, redução, reciclagem e reutilização (nesta ordem), a partir da coleta seletiva, é deixado em segundo plano. Existe ainda o efeito econômico, com a coleta seletiva e reciclagem dos resíduos sólidos, na geração de empregos, reduzindo-se a exploração dos recursos naturais e a poluição ambiental, e estimulando-se o mercado secundário da reciclagem. Os gestores têm "tudo na mão", ele afirmou, só precisa de vontade política.

Por fim, Adacto Ottoni deixou algumas sugestões de políticas públicas prioritárias para a gestão sustentável dos resíduos urbanos, tais como criação de usinas de compostagem para o aproveitamento do lixo úmido, com a criação de canteiro de mudas e reflorestamento; ampliação das Usinas de Triagem para os resíduos secos provenientes da coleta seletiva; criação de usinas de reciclagem de resíduos da construção civil, além de outras atividades similares, só se descartando nos aterros sanitários o que não pudesse ser reduzido, reutilizado ou reciclado, sendo gerado um lixo mais inerte e aumentando-se a vida útil dos aterros sanitários, com redução sensível dos riscos de vazamento de chorume.

O evento contou com promoção da Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS), Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente (DEA) e Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis (DRNR).

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