Barragens: prevenção é mais barato e poupa vidas

 

“O Brasil tem 663 barragens de contenção de rejeitos e muitos acidentes com barragens, nem todas reguladas, nem todas de grandes dimensões. Em 2008 foram 77 rompimentos no país. Precisamos de medidas corretivas para evitar acidentes e a geotecnia tem um papel extremamente importante, com mais cuidado, conhecimento e técnica". A afirmação é do presidente do Conselho Científico do Grupo Coba de consultores de engenharia e ambiente e Professor Titular aposentado da Universidade Nova de Lisboa, Ricardo Oliveira.

Em palestra nesta quarta-feira (25), no Clube de Engenharia, o especialista revelou o panorama da segurança de barragens no país e no mundo hoje e apresentou exemplos de acidentes ocorridos em países como Brasil, Itália e Estados Unidos, e suas causas. Tipos de barragens, seus usos e os caminhos para a manutenção que vão evitar graves acidentes, com danos ambientais, sociais e econômicos irreversíveis também foram analisados.

Oliveira reforçou a importância da prevenção, muito mais barata que as consequências de um rompimento. Procedimentos de revisão de projeto, vistorias e inspeções foram apontados como fundamentais para manter padrões de segurança. “Revisão do projeto é instrumento potente e fundamental. É prática adequada e corrente em países desenvolvidos".

Um problema registrado pelo palestrante é o "aviltamento de preços na contratação de serviços. O preço de referência é tão baixo, que o projeto fica mal feito e as especificações não são suficientes. O que acontece é que essa contratação de serviços é feita com preços irrealistas agravados com os prazos. Encontramos projetos e concorrências que colocam prazos completamente fora  da realidade e depois demoram  anos além do previsto e aumentam os custos. Isso acontece muito no Brasil".

A importância da Lei 12.334, que estabelece a política nacional de segurança de barragens, descreve as ferramentas disponíveis e classifica riscos foi destaque. Citou, ainda, o relatório anual de segurança de barragens da Agência Nacional de Águas – ANA. Finalmente, recomendou a empreendedores e fiscalizadores os diversos manuais disponíveis no site da agência, como os manuais de inspeção de barragens, de construção, de elaboração de projetos, entre outros que, na sua opinião, são "verdadeiros guias" sobre o assunto. "O relatório de segurança de barragens é um instrumento fundamental, produzido pela ANA, tem função de agregar as atividades das outras agências federais e estaduais. Está no site da ANA e tem muita informação, está muito bem apresentado, e dá conta das várias regiões e tipos de barragem no país. A ANA está preparando agora o relatório 2015”, registrou.

Ex-presidente do Clube de Engenharia e presidente do conselho consultivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro, Francis Bogossian, encerrou o espaço aberto ao público que lotou o auditório: "No Brasil encontramos esse problema em toda obra de engenharia: Não há preocupação com projeto prévio. Ninguém investe em fazer estudos, planejamento e projeto, que não representa nem 10% da obra. Nosso país não se preocupa com prevenção que também não custa nada perto das mitigações da tragédia. Fizemos trabalhos no Clube de Engenharia, com a presença de parlamentares, mostrando que prevenção além de muito mais barato, poupa vidas. O Clube pela enésima vez chama a atenção para esse problema. Engenharia não se pode comprar pelo menor preço, mas pelo melhor preço".

O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas - DAT / Divisão Técnica de Geotecnia - DTG, com o apoio de Consultores para Obras, Barragens e Planejamento Ltda (Coba), Comitê Brasileiro de Barragens e os núcleos regionais do Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS-nrRJ) e Associação Brasileira de Geologia de Engenharia Ambiental (ABGE-nrRJ).

Acesse aqui os vídeos do evento na íntegra.

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