O Fórum Mundial da Água, um dos eventos de caráter planetário mais importantes na busca de soluções para questões relacionadas ao meio ambiente, acontecerá em março de 2018. Para somar experiências e alimentar o debate sobre o tema, a divisão técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) trouxe para o Clube de Engenharia o filme “Águas da Cidade – A construção de um sonho” e sua diretora, a documentarista Eunice Gutman, em 6 de dezembro. A proposta nasceu da “parceria do Clube de Engenharia com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário da Embrapa Solos, que vêm se reunindo a partir do interesse comum de uma participação ativa nas tratativas do Fórum Mundial da Água no próximo ano”, explicou Ibá dos Santos, chefe da DRHS.

O curta metragem acompanha dois grupos de mulheres: um de Copacabana, de uma Organização Não Governamental (ONG) que se dedica a retirar a sujeira das areias da praia e outro de Vista Alegre, onde uma cooperativa de reciclagem passou a ter como meta limpar o rio da comunidade, o Quitungo. As integrantes dos dois grupos falam sobre o que as move, o que esperam fazer com o trabalho que realizam dia após dia. Em comum, a esperança por um mundo mais limpo e consciente.

“É um trabalho de formiguinha, cada uma fazendo a sua parte. Essas mulheres são exemplos em uma realidade na qual o Poder Público não faz o que deveria fazer”, destacou o conselheiro Stelberto Soares. “Na área da Tijuca, antes das Olimpíadas, foi apresentado um relatório de como estava a região. Em um dos mapas, o bairro estava em azul, representando a coleta de esgoto para ser levado para a Estação de Tratamento em Alegria. A pergunta que fiz na ocasião foi ‘Se o esgoto está todo coletado, como o rio Trapicheiros e Maracanã, os dois que cortam a Tijuca, são esgoto puro? Não precisa nem de testes com a água. Basta ter nariz e passar perto”, exemplificou o conselheiro do Clube de Engenharia.

A mulher e a água
Maria José Salles, representante do Fórum Alternativo da Água, que será realizado simultaneamente ao Fórum Mundial da Água, destacou a ligação da mulher com a questão da água. “Na divisão social sexual do trabalho, a mulher é responsável pela casa, pelos filhos e pela água. Quando o acesso à água é difícil, quem carrega a água para a casa é a mulher e a criança”, registrou.

Maria José destacou as manobras comuns nesses debates. “A realidade é que um dia a água cai em determinado local e no outro, em outro lugar. As pessoas têm que estocar água porque sabem que não cai todo dia. Nas estatísticas, aparece apenas que a população é abastecida, mas não diz que não é todo dia”, relatou, lembrando que as captações no Brasil são de águas superficiais, rios que estão poluídos em todo o país por esgoto doméstico e industrial.

Reservas valiosas
O Brasil tem uma reserva de água doce gigantesca se comparado a outros países. Cerca de 16% da água doce do mundo está aqui. “O Aquífero Guarani e o Aquífero Alter do Chão são enormes reservas e sabemos que empresas estão muito interessadas em chegar até eles. A água é o petróleo do século XXI. Em algumas regiões do mundo, é preciso andar muito para chegar até uma fonte de água doce. Imagine a cobiça internacional pela água brasileira”, denunciou Ibá.

O conselheiro Alcides Lyra lembrou que não se pode ficar confortável. “Quantidade não é tudo. A distribuição espacial também é muito importante. É preciso ter cuidado com a euforia do Brasil ter 16% da água do mundo. São Paulo, por exemplo, tem que buscar água cada vez mais longe. O Rio de Janeiro é abastecido por um único rio: o Paraíba. Além disso, ainda tem a questão da qualidade da água”, ponderou.

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